Finalista Premio Leya 2024
Certa noite, um fenómeno natural súbito e inexplicável
deixa um hotel completamente isolado e rodeado por uma
cratera funda, o que não só resulta numa perda de
liberdade de movimentos para os hóspedes (que não
podem sair e têm de passar a ocupar posições específicas
para não desequilibrarem um edifício em perigo de
derrocada), mas também num convívio diário forçado
entre pessoas de contextos e gerações muito diferentes
que eventualmente nunca chegariam a conhecer-se.
O sinistro - como virá a ser referida a catástrofe - é pressentido pela filha do Engenheiro
responsável pela construção do hotel, uma pré-adolescente que perdeu a mãe em
circunstâncias pouco claras dois anos antes; leitora voraz e de imaginação fértil, a Menina Sem
Sorte Nenhuma crê que recebeu a mensagem do abalo e, cansada das namoradas do pai,
resolve lançar-se numa aventura, pondo-se em contacto com a Guia Turística que se encontra
sitiada no hotel.
Narrativa polifónica que oferece várias perspetivas da mente e do comportamento humanos
num momento de crise - criando tão depressa situações cómicas e absurdas como dolorosas e
chocantes - Passagem Noturna, evoca a insularidade e acompanha o destino das personagens
ao longo de um período de sete dias que faz pensar no mito da Criação, mas parece caminhar
para um desfecho de queda e escuridão. Será assim?