Uma parteira recebe meninas para fazer abortos, um sargento
que se acha coronel persegue macaquinhos no parque, um
passador leva meninos a salto para lá da fronteira; a meio
caminho, um desastre na berma duma estrada; um rapaz em
movimento que não sai do mesmo lugar; e há ainda uma nau
catrineta que se afundou além-mar.
Entretanto, noutra dimensão, a história acompanha Silvina:
um corpo defunto numa cadeira de baloiço, cujos odores se
misturam nos sumidouros da cidade, entre flores e balões, confundindo dois cães.
Romance que abala os fundamentos da narrativa clássica, Morramos ao menos no porto é um
fogo que alastra até consumir todas as suas personagens. E que revela Francisco Mota Saraiva
como uma voz poderosa na literatura portuguesa. um fogo que alastra até consumir todas as
suas personagens. E que revela Francisco Mota Saraiva como uma voz poderosa na nossa
literatura. Em 2024, foi distinguido com o Prémio Literário José Saramago com esta obra.